sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Acerca do Sonho e da Realidade I

Em que(m) você acredita? Você, realmente, "crê" na "dita"? Porque não sonhar e esquecer a realidade? Tenho que cair na "real", porque já tenho "idade"? O que é, afinal, realidade, se no que, convencionalmente, chamam de sonho eu também sinto dor, caio, pulo, grito, amo! Duvido você conseguir convencer uma criança de cinco anos, às 03H da manhã, quando ela se levanta no susto, com os olhos esbugalhados, completamente assombrada, que aquele ser asqueroso que a perseguiu é de mentira! Por que não, se as pessoas mais interessantes que existem são as que mais sonham?


Entretanto, apesar de ser tão mais fácil e confortável, acreditar e viver num sonho, numa projeção, num esteriótipo, numa mentira combinada, todas elas nos afetam, mas não têm a força, não podem mudar uma realidade de per si, se não for a ação afirmativa do ser-agente traduzindo em ações aquilo que planeja, afinal, toda cosmovisão, causa uma biocosmovisão.


Segundo a propaganda da TV Cultura, "As perguntas movem o mundo"; segundo a minha réplica, "Já as respostas dão sentido à vida". O homem precisa acreditar em alguma coisa, por mais que essa coisa seja o "nada" ou o "caos total", para que ela sirva de fundamento à sua construção de vida e é por isso que o sonho, a projeção, o esteriótipo, a mentira combinada, não nos servem, porque, conscientemente, sabemos que um dia, mais cedo ou mais tare, eles se acabarão e levarão junto tudo o que construímos, desmoronando com os nossos planos, ideais, desejos, relacionamentos, chãos, verdades e, por fim, acabar por nos jogar num poço sem fundo, desesperançados, sem tem para onde ir, nem o que fazer; até encontrarmos novas verdades e construírmos novas casas sobre estes neofundamentos.


Por isso que o homem procura tanto a verdade, para que possa ter segurança onde está construindo os seus alicerces. É por este motivo, então, que durante a nossa maturação - a qual, para as pessoas sãs, dura toda a vida - construímos e desconstruímos verdades, a partir daquilo que estudamos, percebemos e entendemos.


Porém, afinal, quanto você estaria disposto a dar ou fazer por aquilo que acredita? Quanto você deseja o seu sonho-realidade? Em que grau o seu fundamento é fundamental para a sua sobrevivência? Em quantos por cento o que você fala está de acordo com o que você, realmente, faz? Quão interessante/sonhador você é, mas quão coerentes e afirmativas suas atitudes são? Não adianta voar e olhar o céu, sem sentir a areia na sola do pé e o calo na palma da mão.


Um mártire, por sua vez, é aquela figura que está indissociada do conceito de coerência. Hodiernamente, alguém nesta condição é considerado como aquele que vai até o fim naquilo que acredita, como aquele que não mede esforços para fazer valer o seu sonho. Entretanto, se olharmos bem, nada há de super-herói em um mártire, pelo contrário, deveria ser extremamente normal que pessoas agissem de acordo com aquilo que pregam ou acreditam, e tanto e de tal maneira que fossem até as últimas instâncias, afinal, aquilo que acreditam compõe o fundamento de toda a sua vida.


Assim, não há nenhum plus em um mártire, nós, homens-comuns é que devemos aprender a viver e agir afirmativamente e veementemente em cima daquilo que acreditamos ser verdade, caso não, estamos atestando que não cremos e sentimos, tão somente, uma leve simpatia ou inclinação e, paralelamente, difundimos a hipocrisia, a falsidade e a mentira.


Afinal, como defende Constante*: "Um quase-mártire não conta"
Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar. (Tiago 1:23-25)




*Personagem do Filme "A vida de David Gale"; indicado para quem deseja começar a aprender até onde deve ir, quando se acredita numa causa.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O que você quer ser quando crescer?



É de lei: 
qualquer pessoa já respondeu a essa pergunta, pelo menos, uma vez na vida!  






Entretanto, a resposta mais sábia a este questionamento, na minha opinião, veio de uma "ingênua criança". Quando o seu professor, ao qual ele chama de "Mestre Linguiça" lhe interpelou. De pronto, como se fosse a conclusão mais lógica que pudesse existir, respondeu "Grande!"; esta idéia, não ensaiada, do Chaves, nos dá uma lição das mais lindas.


Quando um adulto qualquer, ou pelo menos aquele que se acha nesta condição, interpela uma criança com "O que você quer ser quando crescer" ele deseja ouvir qual escolha profissional, naquele momento, o infante acha que deveria seguir. Contudo, há um enorme disparate, se compararmos o que é falado, com a resposta que se deseja ouvir: ora, se a pergunta é "ser", porque o perguntador deseja ouvir sobre escolha profissional? Seria, por acaso, a profissão, o único motivo e sentido de se "ser quando crescer"? Poderíamos, nós, condicionar todo o complexo existir de um ser humano à sua labuta?


Salvo exceções, nós crescemos sendo ensinados (condicionados) que só seremos alguém, se tivermos muito dinheiro todo mês, um bom emprego, uma família bem estrutura e vivermos dentro dos padrões sociais mais aceitos e convencionados. Oras, porque não posso SER ALGUEM ganhando pouco e vivendo sozinho? Por que eu não posso SER BEM SUCEDIDO com um emprego que me faz feliz, independente de ganhar pouco ou muito? Porque eu não posso ME FAZER NA VIDA mantendo caráter reto, independente de onde eu morar?


Imediatamente, chegam as respostas mais que imediatas: é culpa do sistema! É culpa do capitalismo! Não, meu caro, a culpa não é do famoso "sistema", afinal, quem você acha que ajudou a construir este sistema que tanto critica? Não, meu caro, a culpa também não é do capitalismo, porque ele dá condições de livre crescimento a todos, o problema é o que nós fazemos com tanta liberdade; ou você ainda mantém a doce ilusão que na utopia comunista não havia inveja, discordância, perseguição, vaidade?


Vivemos em dias nos quais o vício perpassou a esfera do "jogo, bebida e mulher" que meu avô tanto era assíduo, quanto advertia os netos; para deslanchar no que chamamos de workholics - tradução literal: pessoas viciadas em trabalho, seja porque não acham algum outro sentido mais nobre à vida (seja ele de que natureza for), seja porque não acharam nada melhor para fazer.


Discussões à parte: o homem contemporâneo não sabe viver de outra maneira, que não condicionando o sucesso da sua vida ao seu sucesso profissional. Essa perseguição louca e desenfreada, esse objetivo banal e passageiro, causam alguns males, afinal, o homem não foi criado para se manter nessa fissura: depressão, solidão, stress, cansaço excessivo, ausência de relacionamentos pessoais, ausência de solidariedade, ausência de afeto, competitividade desleal, talentos abafados, habilidades enterradas... tudo em prol do SUCESSO, leia-se: dinheiro!


Utilizando-me do amigo Thiago Fook:
"Qualquer dia desses – afirmei recentemente a um amigo – vou chutar o pau da barraca e desistir dessa história sem graça de fazer outro concurso para dobrar o salário e subir um degrau na escadaria. “Vão para o diabo sem mim,/ Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!/ Para que havemos de ir juntos?” – posso ouvir Álvaro de Campos azucrinar. Mas o amigo, sensato, ponderou: - é preciso ser pragmático, primeiro o salário de juiz, depois a literatura… Ora, senhores, se não foi o pragmatismo que me fez trocar a sala de aula pelo bom salário de um burocrata, o que terá sido?"

(http://arriscos.blog.terra.com.br/2009/10/04/um-trago-de-cigarro/)


Enfim, meus caros, eu afirmo e reafirmo que nem a magistratura  nem a literatura, mas desejo a vocês e a mim que possamos pensar e agir como paulo: "Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo,  e não luto como que esmurra o ar." I Co 9:25, 26.


Pela coroa incorruptível, por essa sim, vale a pena viver holicamente, pois, nEle, somente em Deus, estaremos suficientemente e totalmente completos!


SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER

sábado, 3 de outubro de 2009

Pra que servem os espelhos do Motel?

Desde que entendi, e isto não faz tanto tempo assim, o que era espelho, teto, o que casais fazem na sua intimidade mais íntima e porque alguns lugares que as pessoas vão para dormir tinha um M, no lugar de um H, comecei a me perguntar "Porque existem ESPELHOS no teto de um quarto de MOTEL?"

Na verdade, nunca encontrei ninguém que pudesse me responder a essa pergunta com total convencimento: alguns afirmam que "é bom olhar" (mas será que todo mundo tem de ser voyer?), outros, que é "diferente do normal" (mas será mesmo que um simples composto de prata reflexivo tem o poder de tirar um casal da rotina e fazer (re)brotar um desejo, amor, paixão?), terceiros ainda argumentam que é "dispensável", ou seja, só um artifício criado pelos "estabelecimentos sexuais" para agregar valor ao local.

Bom, tentativas de explicação à parte, o fato é que ninguém, em situações normais de temperatura e pressão, tem medo de um espelho, esteja ele no teto de um motel, na parede do quarto ou no interior da bolsa.

Percebam: aquelas pessoas que acreditam, ou pelo menos fingem acreditar, não dever nada ao espelho, usam-no como (re)motivador de sua própria vaidade, gerando pérolas das mais diversas naturezas: "Como estou bonita hoje!", "Como meu cabelo é liso", "Nossa! Não tenho mais espinhas", "Essa calça caiu como uma luva", "Meu bíceps tá 'no grau' ", desaguando, assim, em situações caricaturadas como Melissa Kadore conversando com as suas "celulas-zinhas queridas".

Por outro lado, aqueles que sabem, ou pensam saber, que devem algo ao espelho, estes se escondem e evitam, até mesmo, um composto de prata reflexivo no teto de um motel. Quando temos contas a acertar, a última pessoa que queremos ver é o nosso credor batendo em nossa porta e dizendo "Pague o que me deve"; é isto o que o espelho faz. A imagem, por ser um retrato bem fidedigno à sua origem, dispensado os casos excepcionais, mostra a realidade nua e crua da qual não podemos fugir, mas da qual vivemos nos escondendo, sem querer enxergar, verdadeiramente, aquilo que temos ou não temos.

Todos nós, em maior ou menor grau, temos um credor e, por consequência, uma conta a acertar; seja com o nosso corpo, seja com a mente, com o tempo, com os amigos, com nós mesmos, com a ética, com os estudos... e, invariavelmente , com Deus. Desta última, muitos fugimos, para evitar um confronto nú e cru, com aquele que nos ama de maneira tão profunda que nos deixa, sempre, constrangidos e, portanto, preferimos fugir da realidade, da nossa imagem pecadora e imperdoável perante a retidão da perfeição dEle e nos afogar em nós mesmos; em outras palavras, charfurdar na lama e, pior, nem sempre vamos sozinhos, carregamos 1, 2 ou 3, nesta fuga em massa, pra bem longe daquele que nos ama.

Assim, não que os espelhos sejam maus, quer no motel, quer na bolsa, mas, pelo contrário, eles nos mostram a verdade, traduz em algo perceptível aquilo que não podíamos enxergar, de uma maneira que podemos analisar tudo aquilo que, antes, não conseguíamos. Então, aproveitemos os nossos espelhos, fornecidos por Deus nas situações mais imprevisíveis, para nos lembrar de quem nós somos e de onde viemos e, assim, nos deixar modificar para o aperfeiçoamento, por Aquele que nos quer sem disfarce, sem falsas imagens, sem percepções ocultas, para nos amar sem medida.

SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER.

Grato,


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